Volto a escrever pelo completo exercício da burrice, já disse isso antes. Pois esse blog jamais vai tornar alguém inteligente: a burrice é a epidemia desta nação. E como o assunto é a burrice, gostaria de comentar a reportagem da Veja desta semana sobre o projeto de lei que tramita no senado federal e será votado nas próximas semanas - aliás, eu não deveria levar a sério nada que circule num covil que tem José Sarney como presidente, mas a força do hábito não me deixa calar - que passará, se for aprovado, a implantar o sistema de cotas raciais nas 55 universidades federais brasileiras. E o que isso significa? Significa, caro leitor, que todas estas instituições destinadas a formar profissionais competentes serão obrigadas a destinar 50% de suas vagas à alunos da escola pública, esta então instituição totalmente falida. Na prática, significa que negros, pardos e índios serão os principais beneficiados, pois terão garantido um número de vagas proporcional às suas representações demográficas por estado.Até aí tudo bem, já que é justamente esta parcela que carece de mais oportunidades, certo? Mas da maneira que está sendo colocada a coisa, é simplesmente ilógico, contraproducente e prejudicial justamente à estes a quem se quer beneficiar. Eu explico porque:
Primeiro porque o papel das Universidades Federais não é reparar injustiças históricas, como querem alguns, mas sim produzir CONHECIMENTO, o que só é possível com rígida seleção de candidatos com base no mérito individual, e não com base num conceito totalmente desacreditado e vago como o racial. Se assim for, o mérito individual não servirá absolutamente para nada, e o conhecimento com qualidade jamais será produzido.
Segundo, porque já está provado que o regime de cotas que vigora no Brasil desde 2002 não teve nenhum resultado positivo. Quem duvida, acesse o planejamento das 80 universidades onde vigora o regime.
Terceiro, porque, ao contrário do que dizem os defensores do regime de cotas, a tal dívida histórica para com os negros - isso também é uma questão de ponto de vista - não é corrigida por tal regime, uma vez que os beneficiados são um grupo de indivíduos definidos imprecisamente pelo conceito de raça, que vem inclusive sendo questionado científicamente.
Quarto, porque os negros não precisam de empurrão, como defendem alguns. Acreditar nisso é assinar embaixo de uma atitude e um pensamento altamente racistas. No Brasil existe racismo? Claro. Mas não existem barreiras legais contra os negros desde 1888 com a abolição da escravatura. Isso é fato. Aqui não há racismo-institucional.
Quinto, porque aumentar o número de diplomas em mãos de negros não vai diminuir a discriminação de forma alguma, pelo menos não por este regime de cotas.
Sexto, porque a diversidade não contribui de maneira exata para a melhoria do ensino superior, uma vez que o próprio conceito de diversidade racial é totalmente limitado.
Enquanto projetos de lei tão demagógicos como este circulam no Congresso Nacional e no Senado, o problema da deseducação brasileira persiste. O regime de cotas é mais um dos subterfúgios do des-governo brasileiro para não olhar para os principais problemas que afligem a educação. E estamos falando principalmente do ensino básico, o maior dos maiores alvos de descaso no Brasil. Para termos uma idéia apenas 20% dos alunos mais pobres concluem o ensino médio. Pior: entre os que chegam a se formar uma minoria tem condições reais de cursar uma faculdade, ainda que ela seja gratuita. Metade dos alunos conclue o ensino básico sem saber executar as operações mais elementares da matemática e sem entender o conteúdo de textos banais. É de vespeiros como este que o projeto de criação de cotas tenta desviar a atenção.
Tomemos cuidado, pois se isto se tornar realidade, casos como o do aluno gaúcho Getúlio Ost, que teve ótimo desempenho no vestibular da UFGRS e que perdeu a vaga para um cotista, haverá de se repetir em número muito maior. Talvez com um de nossos filhos, ou com o filho de alguém, cujos pais - nós - investem grande soma de dinheiro para que tenham uma educação decente e possam galgar um degrau a mais na pirâmide social brasileira, e que mesmo assim podem ver seus filhos perderem sua vaga para outro menos preparado apenas por terem nascido brancos.
Como explicar um aluno classificado no 65 lugar no vestibular mais concorrido do país perder sua vaga para outro candidato que ficou em milésimo lugar? Você acha justo?
Numa nação onde o bolsa-família e o cheque-cidadão são as tônicas da reeleição de um presidente que mal terminou o ensino médio, talvez isso não soe tão estranho. Provavelmente, se não tivesse sido eleito pelo voto, o nosso effelentíffimo presidente teria chegado ao planalto pelo regime de cotas para analfabetos e para incompetentes.
PS: A UERJ, que começou com o regime de cotas para negros, hoje conta com vagas para índios, deficientes e filhos de bombeiros mortos. (!) A federal de São Carlos já tem até para refugiados políticos.
Você duvida?
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